O desafio deste projeto consiste em criar um espaço num limbo funcional, um espaço que serve para tudo e para nada, dependendo do momento. Disparar com arco e flecha pela manhã ou trabalhar numa escultura em pedra pela noite dentro. Não é um atelier, nem um espaço para trabalho: o que lá é feito não é trabalho, mas antes uma necessidade, tão fisiológica como o ato de dormir. A este espaço foi necessário acoplar uma casa, no seu sentido mais convencional: três quartos, uma sala e uma cozinha. A um nível inferior, aproveitando o desnível para a rua, surge a garagem. O programa convencional é deliberadamente separado, forçando-o a coabitar com o grande espaço no centro.

Uma tensão de gestão diária, o cliente tem receio que o uso da “casa” ocupe o seu espaço. Mas a inconformidade do cliente é o objetivo da inconformidade do programa. O seu espaço não pode ser dado como adquirido, é necessário conquistá-lo continuamente.